Iniciei o curso com um breve panorama
sobre os lugares do negro nas artes visuais brasileira. O processo de
desconstrução de olhares foi proposto a partir de leitura de imagens coletiva,
a partir de uma série de fotografas e imagens de diferentes representações do
negro ao longo da história da arte brasileira. Desde as pinturas e gravuras dos
viajantes do séc. XVI ao XIX e as fotografias dos cartões de visita até a
contemporaneidade com artistas negros que retomam estas representações de
maneira a ressignificar e tensionar os discursos racistas e preconceituosos. A
ideia era ampliar o repertório acerca da produção artística visual
afro-brasileira e analisar os discursos que propiciam a invisibilidade e
desvalorização da produção artística negra.
A princípio a proposta de atividade
prática para cada encontro era a produção de fotografias a partir dos temas e
conceitos discutidos em aula. Ao final do curso no último encontro
realizaríamos uma pequena mostra com as imagens produzidas pela turma. A
realização do exercício fotográfico era fundamental para a construção das
pautas para debates e ligação com os discursos dos artistas negros
selecionados.
Entretanto muitos professores não
realizaram as atividades o que prejudicou um pouco o andamento do curso
inicialmente proposto. Vale ressaltar que a grande parte dos professores não
tinha contato com os debates de relações étnico-raciais e tampouco acerca da
obrigatoriedade do ensino de arte e cultura afro-brasileira e africana pela Lei
10.639/03. Contudo os professores se demonstraram bastante interessados,
entretanto a maioria deles não tinham cursado outros módulos do Iretí. Acredito
que se eles tivessem a base da discussão conseguiríamos avançar mais na
discussão sobre arte.
Em vários momentos tive que parar o conteúdo
para retornar a conceitos básicos de diferenças entre racismo e bulling, cotas
raciais e sociais e sobre o termo “racismo ao contrário”. Foi bem difícil
trabalhar a desconstrução de estereótipos e debater sobre o racismo
institucional nas artes, nos currículos, conteúdos, museus e nas midias.
A experiência foi muito boa no final do
curso conseguimos chegar a leituras bacanas acerca da produção artística de
alguns artistas negros contemporâneos que usam o registro fotográfico e a
reedição de imagens como uma maneira de provocar outras maneiras de olhar para
arte. Muitos professores não conheciam nenhum artista apresentado nas aulas e
acharam importante tomar conhecimento de outras referências de imagens e de
arte para as suas aulas.
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